Em entrevista exclusiva, Cláudio Castro disse que ministros do governo federal o procuraram e afirmou que percepção sobre prioridade do combate ao narcoterrorismo difere entre Estado e União
Duas semanas após a operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro, que resultou em 121 mortes, o governador Cláudio Castro afirmou em entrevista que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda não entrou em contato com ele. Castro disse ter recebido ligações de ministros, mas afirmou não ter procurado o presidente.
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, afirmou em entrevista exclusiva a Luiz Bacci que não foi contatado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva após a megaoperação policial que deixou 121 mortos na capital fluminense. Segundo Castro, quem falou com ele foi o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann.
Duas semanas após o episódio, Castro declarou acreditar que a ausência de contato presidencial possa estar ligada à participação de Lula na COP30, em Belém. O governador afirmou ainda que não procurou o presidente e disse desconhecer qualquer agenda de visita de Lula ao Rio de Janeiro, apesar de, segundo o entrevistador, haver expectativa nesse sentido.
Sobre o combate ao narcoterrorismo, Castro afirmou que o tema não aparenta ser prioridade para o governo federal na mesma medida que é para o governo estadual. Para o governador, a guerra contra o crime organizado exige esforço conjunto entre União e estados, e não pode ser vencida por uma única instância.
Castro disse que não se prende à terminologia usada para classificar as organizações criminosas, ressaltando que o importante é combater sua atuação, independentemente de receberem o rótulo de terroristas ou facções. Ao comentar o projeto de lei Antifacção, do deputado federal Guilherme Derrite, o governador afirmou haver uma guerra de narrativas, mas manteve que seu foco é a redução da criminalidade.
Questionado sobre o risco de morte de inocentes em operações policiais, Castro afirmou que as ações passam por planejamento e estudos com o objetivo de evitar confrontos em áreas de risco. O governador declarou que a orientação principal é preservar vidas e negou ter celebrado mortes, afirmando que a operação foi necessária para cumprimento de mandados de prisão.