O delegado titular da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Cuiabá, Caio Albuquerque Junqueira, afirmou nesta semana que a ideia de que sinais de facção geram mortes é um “mito” infundado. De acordo com ele, esse tipo de narrativa apenas contribui para o pânico na população e deve ser desmistificada.
“Vamos deixar bem claro, como eu falei: a investigação busca um motivo. Essa questão de sinal, a gente precisa desmistificar. Vamos afastar essa conversa, afastar essa história, vamos para o concreto. Não é porque a pessoa faz sinal que vai descambar para o resultado morte”, declarou Junqueira à imprensa.
O delegado destacou que é essencial compreender as verdadeiras razões por trás dos crimes, para evitar a sensação de caos e insegurança. “O que a gente tem que demonstrar é porque determinada pessoa veio a óbito e, digo, asseguro, não é por conta de sinal. É por conta de um motivo que a investigação vai revelar”, completou.
O tema ganhou repercussão após o brutal assassinato das irmãs Rayane Alves Porto, 25 anos, candidata a vereadora, e Rithiele Alves Porto, 28 anos, em Porto Esperidião, no dia 14 de setembro do ano passado. As investigações revelaram que as vítimas foram sequestradas, torturadas e mortas a golpes de faca, após postarem fotos em redes sociais supostamente reverenciando uma facção rival. O crime foi orquestrado por um líder do Comando Vermelho, que teria assistido ao ato de dentro da Penitenciária Central do Estado.
Embora o caso tenha envolvido facções criminosas, Junqueira afirmou que não se deve associar automaticamente qualquer homicídio a sinais de facção. Para ele, cada crime tem sua motivação específica, e atribuir uma morte a um simples gesto de sinalização seria uma “falácia”. “A gente sabe que facções e organizações criminosas têm os ditames. Tem alguma coisa que a vítima fez, mas concretamente demonstrado, que descambou no homicídio”, afirmou.
O delegado finalizou reforçando a importância de uma investigação cuidadosa para afastar mitos e garantir que a população entenda as verdadeiras causas dos crimes. “As pessoas falam, mas o que eu acho que todo mundo tem que se preocupar e se atentar é o que a investigação criminal revela. Não dá pra ficar nessa sensação de pânico, de medo, de insegurança”, concluiu.