A Polícia Civil, por meio da Delegacia Especializada de Crimes Fazendários (Defaz), bloqueou 52 veículos e apreendeu outros oito durante o cumprimento de ordens judiciais da Operação Salmonidae, deflagrada na última semana para apurar a sonegação fiscal praticada por uma empresa de comércio de pescados com atuação em Cuiabá e Várzea Grande. Além das medidas de bloqueio, prisão e apreensão, a Justiça determinou ainda a suspensão das atividades econômicas e financeiras da empresa e suas filiais localizadas em Mato Grosso e em outros três estados do país.
A investigação identificou que a organização criminosa é liderada por um casal de empresários que está foragido. Os investigados utilizavam empresas fantasmas, em nome de laranjas, para adquirir mercadorias sem o recolhimento de impostos, o que causou, até o momento, prejuízo ao erário estadual na ordem de R$ 20 milhões.
A Operação Salmonidae foi deflagrada pela Defaz no dia 30 de junho, com o cumprimento de 135 ordens judiciais, entre prisões, buscas, bloqueio de contas bancárias, sequestro de bens móveis e imóveis e imposição de medidas cautelares. A Justiça manteve a prisão de 11 dos investigados, concedendo apenas uma prisão domiciliar à contadora do esquema investigado.
Ordens judiciais
A operação envolveu a atuação conjunta da Delegacia de Crimes Fazendários, Secretaria de Estado de Fazenda e 14ª Promotoria de Defesa Tributária e o objetivo é interromper a fraude praticada pelo grupo criminoso. A investigação apurou os crimes de sonegação fiscal, falsificação de documentos, uso de selo falso, tráfico de influência e corrupção praticados por integrantes da organização criminosa. O grupo utilizava empresas de fachada para comercialização e distribuição de pescado (salmão, frutos do mar, peixes) nas cidades de Cuiabá e Várzea Grande.
Diante dos elementos probatórios reunidos ao longo de um ano de investigação, a Defaz representou pelas prisões dos investigados, buscas e sequestros, deferidas pelo Núcleo de Inquéritos Policiais da Capital (Nipo).
Durante a operação foram cumpridos o bloqueio de quatro imóveis de investigados, sendo um deles o local onde seria instalada a nova sede do grupo criminoso. Houve ainda o bloqueio de 52 veículos, inclusive toda a frota de veículos da empresa investigada, cujo nome de fantasia é MF Pescados. Foram apreendidos oito veículos, uma arma de fogo, 40 munições e 26.602,00 em espécie.
A Justiça determinou a suspensão das atividades de natureza econômica e financeira da empresa M.W. Rocha Frades Ltda (MF Pescados) e suas filiais localizadas nos estados do Mato Grosso do Sul, Alagoas e Amazonas.
Esquema criminoso
Entre as práticas ilegais identificadas está a fraude na confecção de procurações outorgadas à operadora financeira do esquema, L.C.S.A. com auxílio de um cartório de registro civil e notas no bairro Cristo Rei, em Várzea Grande, os documentos públicos não eram lançados no sistema da Central Eletrônica de Integração e Informações dos Serviços Notariais de Mato Grosso/Anoreg para que não fossem identificadas os verdadeiros operadores das empresas de fachada. Diante dessa constatação, o juízo do Nipo determinou a comunicação à Corregedoria do Tribunal de Justiça de Mato Grosso para realizar eventual correição, a fim de apurar a responsabilização do cartório ou de eventual colaborador no fato apurado.
A equipe da Defaz pontua ainda que, após a empresa MF Pescados ser notificada pela Sefaz estadual, os investigados se movimentaram para tentar oferecer propina ao fiscal responsável pela autuação, fato que acabou não se concretizando.
Conforme dados da Secretaria de Fazenda de Mato Grosso, o grupo investigado movimentou R$ 120 milhões em mercadorias, deixando de recolher aos cofres públicos R$ 20 milhões em impostos. Além disso, a inscrição dos débitos em dívida ativa totaliza R$ 15.613.039,60, fato que motivou o bloqueio de contas e sequestro de bens.
O advogado Marcelo Andrade Mendonça foi morto a facadas dentro do próprio escritório na tarde de sexta-feira (14), em Viçosa, Minas Gerais. Segundo informações repassadas ao G1, o suspeito do ataque, um cliente de 53 anos, foi preso em flagrante por policiais militares que atenderam a ocorrência.
De acordo com a Polícia Militar, a porta do escritório estava danificada e o homem apontado como autor do crime havia sido imobilizado por testemunhas até a chegada da equipe. Marcelo chegou a receber atendimento de emergência, mas não resistiu aos ferimentos.
O caso Conforme consta no boletim de ocorrência, o advogado havia marcado uma reunião para entregar um documento ao cliente. O homem chegou acompanhado da esposa e, durante a conversa, começou a se exaltar. Todos seguiram até a recepção para que Marcelo exibisse um arquivo no computador de uma funcionária.
Ao visualizar o documento, o cliente teria acusado o advogado de agir de forma desleal. A funcionária se afastou por alguns instantes e, ao retornar, encontrou Marcelo gravemente ferido. Um estagiário correu ao ouvir os pedidos de socorro, conseguiu conter o agressor e o desarmou, enquanto ele ainda segurava a faca utilizada no ataque.
A perícia foi acionada e a Polícia Civil assumiu as investigações.
Nota da OAB A OAB de Viçosa divulgou nota lamentando o crime e afirmando que acompanhará o caso para garantir rigor na apuração. A entidade classificou o episódio como uma perda profunda para a advocacia local e destacou seu compromisso com a segurança dos profissionais.
Na mensagem, a OAB afirmou que a morte de Marcelo representa uma perda imensa e reafirmou que tomará todas as medidas necessárias para que o crime seja investigado com seriedade. A entidade também manifestou solidariedade aos familiares, amigos e colegas de profissão.
Trajetória profissional Marcelo Andrade Mendonça era sócio do escritório José Carlos Marques Sociedade de Advogados. Formado em Direito pela Universidade Federal de Viçosa, possuía pós-graduação em Direito Público pela Universidade Gama Filho e mestrado em Administração Pública pela UFV.
Tinha ampla experiência no setor público. Atuou como assessor jurídico em Ponte Nova entre 2007 e 2014, além de integrar o Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Viçosa entre 2014 e 2016. Desde 2018, trabalhava como procurador municipal, com foco em Direito Urbanístico, Obras e Meio Ambiente.
Paralelamente à atuação jurídica, desenvolveu carreira acadêmica. Desde 2012, era professor do curso de Direito da Faculdade Dinâmica do Vale do Piranga (FADIP), onde lecionava até o momento da morte.
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