O delegado Frederico Murta, coordenador da CORE da Polícia Civil de Mato Grosso, foi o único delegado mato-grossense a integrar a mesa de especialistas da audiência pública realizada nesta quarta-feira (12) pela Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados. O debate tratou do avanço das facções no país e da proposta de enquadrar essas organizações como grupos de atuação terrorista.
Em sua fala, Murta reforçou a gravidade do cenário nacional e defendeu uma reação institucional articulada. Para o delegado, o país vive uma guerra irregular que exige respostas jurídicas, legislativas e operacionais mais firmes.
“O Brasil é um gigante acovardado. Estamos ajoelhados diante de um inimigo menor, que só cresce porque o Estado se encolheu. Se o Estado se levantar com inteligência e força, o crime recua.”
Com mais de quinze anos de experiência em operações especiais, investigações de facções e formação de grupos táticos, Murta afirmou que o atual modelo de enfrentamento é insuficiente e criticou a ausência de punições eficazes.“Não adianta prender e soltar. A pena precisa ter caráter educativo e passar a mensagem de que o crime não compensa.”
Ele também defendeu a adoção de medidas de “asfixia financeira” das organizações criminosas e o reaproveitamento imediato de bens apreendidos para financiar operações, inteligência e tecnologia policial. “Estamos em guerra, e não há mais espaço para omissão”, concluiu.
A audiência, proposta pelo deputado federal Coronel Meira (PL-PE), reuniu autoridades da segurança pública, juristas e parlamentares para discutir lacunas legislativas, desafios operacionais e a escalada da criminalidade em diferentes regiões do país. Entre os convidados estavam o juiz criminal Carlos Eduardo Ribeiro de Lemos, o senador Magno Malta, e Rodrigo Pimentel, ex-capitão do BOPE do Rio de Janeiro e roteirista do filme Tropa de Elite.
A presença de Murta levou à Câmara a perspectiva operacional do Centro-Oeste, marcada pela expansão das facções em áreas urbanas e rurais e pela necessidade de políticas públicas que transcendam fronteiras estaduais.