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OPINIÃO

Fiscalizar vale a pena – e eu vou continuar fazendo isso com toda a dedicação que for necessária

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O papel de um vereador vai muito além de votar projetos e apresentar indicações. Nós somos a ponta mais próxima da população dentro do poder público. Somos nós que ouvimos de perto a dor das pessoas. É para isso que fomos eleitos: para representar, cobrar, fiscalizar, denunciar quando for preciso e garantir que ninguém fique invisível aos olhos do Estado.

Dia desses, subi à tribuna da Câmara Municipal para denunciar as condições da UPA da Morada do Ouro. Fui chamada de incisiva. E sou mesmo. Não me permito dormir tranquila sabendo que tem gente sofrendo, gritando de dor, sem acesso ao básico. Falei sobre a dona Ilza, uma mulher com fortes dores, que aguardava há meses um diagnóstico de câncer sem ser sequer prioridade na fila. Naquele momento, eu disse: “Ela vai morrer sem diagnóstico”. Disse com o coração apertado, porque eu estava vendo uma vida prestes a ser esquecida pelo sistema.

Mas olha que coisa boa: a minha fala ecoou. Um médico, doutor Matheus Yung, ouviu meu discurso, entrou em contato com a minha assessoria e se colocou à disposição para ajudar. A Santa Casa abriu as portas. Conversei com a família da dona Ilza, com a Naila, com a Fabiana, que hoje dirige a Central de Regulação — e aqui agradeço profundamente o comprometimento de todos os envolvidos. Todo mundo se movimentou. E hoje, dona Ilza está internada, com dignidade, sendo examinada, com acesso ao tratamento que ela precisava. Ela não está mais urrando de dor. Ela foi ouvida.

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Valeu a pena a indignação. Valeu a pena ser incisiva. Valeu a pena não aceitar o silêncio. Porque é para isso que serve a fiscalização: para salvar vidas. Para dar vez a quem está esquecido.

Eu não sou oposição ao prefeito Abílio Brunini. Também não sou base. Sou independente. Olhei nos olhos dele aqui na Câmara e disse: “Prefeito, desejo que o senhor tenha um grande mandato. Que deixe sua marca em Cuiabá. Mas o senhor precisa saber que aqui tem uma vereadora que fiscaliza. Que cobra. Que denuncia, se for necessário. Que fala com fatos.”

Eu não preciso de mídia. Eu já tive. Fui blogueira por mais de uma década. Tive palco, seguidor, publicidade. Mas abri mão dessa vida para encarar uma missão. Estou na política por propósito. E não cheguei aqui por força de políticos ou grandes lideranças. Fui eleita por 5.615 pessoas comuns que confiaram na minha trajetória e na minha forma de lutar.

E sigo aqui. Sem fazer campanha disfarçada. Sem atacar colegas. Não estou na Câmara para julgar a atuação de nenhum vereador. Estou aqui para fazer o meu trabalho. Para ser ponte. Para ser voz. Para ser resistência. Para ser resposta.

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Sigo fiscalizando, denunciando, e construindo uma Cuiabá melhor com quem quiser trabalhar de forma séria. Tenho maturidade para isso. Tenho coragem para isso. E tenho compromisso com cada dona Ilza dessa cidade — com cada cidadão e cidadã que não tem quem fale por eles.

Quem quiser caminhar comigo, de cabeça erguida, com respeito mútuo e trabalho sério, estou pronta.

“Porque Maysa é independente, é braba, é firme — e vai continuar brigando por aqueles que não conseguem chegar até aqui.”

Maysa Leão, vereadora por Cuiabá (Republicanos) – Pelos que não têm vez e não têm voz.

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Previdência Social: direito, responsabilidade e o futuro do país

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A Previdência Social dos servidores públicos brasileiros ocupa um lugar central no debate sobre Estado, equilíbrio fiscal e proteção social. Diferentemente do regime geral, que atende a maior parte dos trabalhadores da iniciativa privada, o Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) possui regras específicas, uma trajetória marcada por sucessivas reformas e um papel estratégico dentro do funcionalismo. Compreender seu funcionamento e seus desafios é fundamental para qualquer cidadão que deseje entender como o país organiza o futuro de quem trabalha para o Estado.

Por muitos anos, o regime próprio foi associado a benefícios mais vantajosos do que aqueles oferecidos pelo INSS, especialmente por permitir aposentadorias integrais, com paridade e reajustes vinculados aos servidores ativos. Essa lógica, porém, começou a mudar significativamente a partir da década de 1990, quando o crescimento das despesas previdenciárias passou a pressionar o orçamento público. Desde então, reformas constitucionais, especialmente as de 2003, 2013 e 2019, transformaram profundamente o sistema.

Hoje, o servidor público ingressa em um cenário muito diferente daquele de duas ou três décadas atrás. A regra geral já não garante automaticamente integralidade e paridade; o teto do INSS tornou-se um limitador para boa parte dos vínculos; e a previdência complementar, com entidades fechadas como a Funpresp, passou a ser um componente indispensável no planejamento previdenciário. Em outras palavras, o regime deixou de representar uma garantia de benefícios superiores e aproximou-se do modelo vigente para os trabalhadores da iniciativa privada.

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Ainda assim, o debate sobre equilíbrio financeiro e atuarial permanece urgente. Municípios, estados e a União enfrentam o desafio de financiar aposentadorias e pensões em um contexto de aumento da longevidade, menor reposição de servidores e histórico de contribuições insuficientes por parte de muitos entes federativos. As reformas locais, algumas já implementadas, outras em discussão, revelam a dimensão do problema: sem ajustes, muitos RPPS podem se tornar inviáveis.

No entanto, é importante lembrar que a previdência do servidor não é apenas uma questão fiscal. Trata-se também de uma política de valorização profissional e de reconhecimento a carreiras essenciais ao funcionamento do Estado. Quando um servidor planeja seu futuro, ele não analisa apenas números; ele reflete sobre décadas dedicadas à educação, à segurança, à saúde, ao sistema de justiça e à manutenção das políticas públicas.

Por isso, um modelo previdenciário eficiente e sustentável não pode ser pensado apenas como instrumento de contenção de gastos, mas como parte de um pacto social. É essencial assegurar previsibilidade, estabilidade das regras, transparência nos cálculos e incentivo para que cada servidor compreenda sua situação previdenciária desde o início da carreira. A complexidade das normas atuais, embora tecnicamente justificada, ainda distancia muitos trabalhadores do entendimento pleno sobre seus próprios direitos.

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O desafio, então, é conciliar dois objetivos: proteger o servidor e equilibrar as contas públicas. Sempre que uma reforma é proposta, surge tensão entre essas duas dimensões. No entanto, o propósito não é retirar direitos, mas garantir que eles existam daqui a 10, 20 ou 30 anos. Um sistema insustentável não protege ninguém; um sistema justo, claro e financeiramente responsável é a única forma de assegurar que a previdência cumpra sua função social.

A previdência no serviço público está em transformação, e essa transformação exige diálogo. Trata-se de um tema que demanda responsabilidade técnica, maturidade política e, acima de tudo, compreensão da sociedade. O Brasil só terá uma previdência forte quando conseguir equilibrar compromisso social e viabilidade fiscal. Esse equilíbrio depende tanto das decisões do Estado quanto da participação ativa dos servidores na construção de seu próprio futuro previdenciário.

Por Elaine Siqueira,
Técnica de Controle Externo – TCE/MT
Previdenciarista RPPS
Autora do livro A Previdência Que Ninguém Ensinou

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